Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente

Segunda-feira, 21 de Fevereiro de 2022 | Horário: 13:33
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Conheça a Reserva Particular Sítio Curucutu

Localizada no município de São Paulo, entre Parelheiros e São Bernardo do Campo, região é reconhecida pela vasta área de conservação da Mata Atlântica

O Sítio Curucutu é uma grande área ambiental na cidade de São Paulo. No início do século XX, inicialmente a região sofreu intenso desmatamento por parte de famílias de imigrantes italianos que ali se estabeleceram e trouxeram consigo a herança de atividades econômicas que exerciam em sua terra natal: a exploração e transporte de madeira e carvão. Em seguida, o desmatamento foi realizado para fornecer lenha como fonte de energia às indústrias recém-instaladas no ABC Paulista. A devastação se intensificou entre os anos 60 e 70, por conta das indústrias moveleiras, que extraíam madeiras nobres da Mata Atlântica e, posteriormente, loteamentos imobiliários clandestinos ou irregulares foram feitos no local.

Entretanto, a mudança começou em 1963, quando o advogado Jayme Vita Roso adquiriu o terreno inicialmente para loteamento imobiliário, mas, ao longo dos anos, esse plano mudou drasticamente. Após algumas viagens a países africanos, Jayme presenciou efeitos devastadores da degradação ambiental sobre a população. Assim, quando retornou ao Brasil, mudou seu conceito sobre aquela região da Mata Atlântica que havia adquirido e criou um programa ambicioso de reflorestamento.

“Nós não tínhamos acesso aos meios necessários e suficientes para que se tivesse uma RPPN. Por sorte, acabei tendo contato com agentes do IBAMA, preenchi todos os regramentos legais, converseis com os meios jurídicos e acompanhei umas quatro ou cinco visitas à Brasília para assim ser aprovada e criada a RPPN Sítio Curucutu”, conta Jayme Roso sobre o processo para conseguir o reconhecimento do Governo Federal em 1995, durante o mandato do então Presidente Itamar Franco.

Desde então, a preservação do Sítio Curucutu é de grande importância não apenas para o ar respirado pelos paulistanos e para o habitat da fauna nativa, mas também para a manutenção de bacias hidrográficas essenciais a toda forma de vida na região. Em 1995, acabou sendo reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), categoria de Unidade de Conservação criada em áreas privadas, por iniciativa dos proprietários de terra, com o objetivo de conservar a biodiversidade do local.

Essa categoria de proteção é uma das mais relevantes e eficazes preservações de conservação, onde cerca de 80% do que resta da vegetação original está concentrada nestas propriedades privadas.

 



 

Luccas Longo, biólogo da Divisão de Gestão de Unidades de Conservação (DGUC) da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), explicou sobre as ações conjuntas entre as Unidades de Conservação e outras áreas protegidas: “Embora a RPPN Sítio Curucutu tenha o reconhecimento Federal, o município sempre apoiou e integra, por meio de suas Unidades de Conservação Municipais, ações de conservação na região com a RPPN. Ela coexiste com a Área de Proteção Ambiental - APA Capivari-Monos, o Parque Natural Municipal Cratera de Colônia, a Terra Indígena Tenondé-Porã e o Parque Estadual da Serra do Mar/Núcleo Curucutu. E essas iniciativas conjuntas acontecem por meio da atuação do Conselho Gestor da APA Capivari-Monos e outras instâncias participativas”, completou.

Com relação à fauna presente no território, câmeras foram espalhadas pela propriedade e já registraram: gatos-do-mato, cachorros-do-mato, iraras, veados, tatus, antas e até uma onça-parda, estas últimas classificadas como vulneráveis à extinção. Uma particularidade desta RPPN é que se trata hoje, por intermediação da APA Capivari-Monos, de uma área de soltura de animais silvestres que passaram por tratamento clínico e reabilitação, garantindo mais segurança às espécies. O biólogo da Divisão da Fauna Silvestre (DFS) da SVMA, Thiago Ostorero comentou sobre a liberação de animais no Sítio Curucutu: “As Unidades de Conservação são muito importantes para a soltura de fauna, principalmente por serem áreas mais protegidas. E no caso das RPPNs, muitas vezes são propriedades preservadas por famílias há muitos anos, então o carinho com a manutenção da área é muito grande. Há uma segurança maior em soltar os animais por lá, pois a chance de sobreviverem é maior. Essas áreas costumam despertar o interesse de pesquisadores, por isso temos uma lista sempre atualizada dos animais que ocorrem por lá”, afirma o especialista.

Por ser um local particular, sua estrutura para visitação é limitada, mas recebe pesquisadores e o público em geral, principalmente observadores e fotógrafos de aves, o que vem colaborando para levantar informações sobre a diversidade desse grupo e que, segundo a plataforma colaborativa eBird, já são 211 espécies de aves registradas na RPPN Sítio Curucutu. As visitas devem ser agendadas através do site do parque (curucutu.org.br).


 

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